segunda-feira, 27 de abril de 2020

Ofícios de ontem e ofícios de hoje: ruptura ou continuidade?

Antônio de Pádua N. Tomasi (tomasi@uai.com.br)
Ivone Maria Mendes Silva (ivesilva@yahoo.com.br) CEFET-MG

Um século e meio após as Corporações de ofícios serem colocadas na ilegalidade pela Revolução francesa (Decreto d’Allarde, 1791), a Sociologia do Trabalho, neste país, dá seus primeiros passos como campo específico de conhecimento sociológico ao apontar o fim dos ofícios provocado pelo desenvolvimento industrial. Ela nos ensina, também, que os saberes, a autonomia, a solidariedade, o lugar que eles ocupavam na divisão do trabalho e o reconhecimento social que os acompanhavam desaparecem com o trabalho transformado em “migalhas”, para usar uma expressão de Friedmann. Observa-se, contudo, que as mudanças mais agudas vividas pela sociedade atual e relacionadas ao acelerado desenvolvimento tecnológico e às transformações econômicas, diferente do que se poderia imaginar, se fazem acompanhar do reaparecimento do uso do termo “ofício” para designar algumas formas de trabalho. No Brasil, não são poucas as iniciativas para formar trabalhadores em torno de centenas de “ofícios” voltados para as fugazes demandas do mercado. Como explicar tal contradição? Esse reaparecimento sugere um saudosismo, uma crítica a uma forma de produzir, mas é possível, também, que esteja relacionada à emergência do chamado modelo das competências. 


"Ofício de ontem e ofícios de hoje: ruptura ou continuidade" é um dos capítulos da obra Ofícios e saberes no mundo do trabalho - permanências, rupturas e mudanças organizada pelas professoras Maria Rita APRILE e Rosa Elisa Mirra BARONE e publicada em novembro de 2019 pela editora Appris, São Paulo. ISBN: 978-85-473-3848-0 e ISBN Digital: 978-85-473-3849-7

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